recordações do amanhã se bem me recordo a vida deveria ser assim: construir coisas mesmo que invisíveis (talvez as mais humanas de todas as coisas) respirar o ar ao lado de outros seres vivos compartilhar da água mais clara, do vinho mais alegre e não temer nenhum deus fosse ele feito de palavras ou barro se bem me lembro a vida não deveria ser feita de medo e ódio insano apenas de nós em nossa imperfeição prodigiosa humanamente nós mesmos
Falarei de tuas mãos Tuas mãos feias covil de ossos Essas mãos pintam a boca de um batom suburbano Pintam a cara de pó barato e saem pelas ruas a desdenhar da minha apoplexia Ah! Essas tuas mãos feias! Tuas mãos tão estranhas e letais quanto a imagem que faço dessas tuas mãos tão ausentes essa mão fóssil covil de ossos e puxam os pés nas noites sem lua Essas mãos suburbanas Viram a cara de batom Barreto
Ontem conversando com o espelho vi seus olhos tão vermelhos quanta liquidez nessa dor Ele não vale o pudim que come feito com tanto afeto e amor Não precisa levantar a mão não precisa disparar a voz Você não o suplício não tem que pagar o sacrifício nem por Deus nem por vício
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