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Suas mãos

Falarei de tuas mãos  Tuas mãos feias covil de ossos Essas mãos pintam a boca de um batom suburbano Pintam a cara de pó barato e saem pelas ruas a desdenhar da minha apoplexia Ah!  Essas tuas mãos feias! Tuas mãos tão estranhas  e letais quanto a imagem que faço dessas tuas mãos  tão ausentes  essa mão fóssil  covil de ossos e puxam os pés  nas noites sem lua Essas mãos suburbanas  Viram a cara de batom Barreto

recordações do amanhã

recordações do amanhã  se bem me recordo  a vida deveria ser assim: construir coisas mesmo que invisíveis (talvez as mais humanas de todas as coisas) respirar o ar ao lado de outros seres vivos  compartilhar da água mais clara, do vinho mais alegre e não temer nenhum deus fosse ele feito de palavras ou barro se bem me lembro a vida não deveria ser feita de medo e ódio insano apenas de nós em nossa imperfeição prodigiosa humanamente nós mesmos

saudades do amanhã - brasileiro

Sou um ser estrangeiro Que chega primeiro onde não existe lugar *Ah, Saudades de amanhã! Eh saudade tão vulgar! Não cultivo nenhuma esperança mesmo ostentando a figa do Bonfim 

insanidade

Ontem conversando com o espelho vi seus olhos tão vermelhos quanta liquidez nessa dor Ele não vale o pudim que come feito com tanto afeto e amor Não precisa levantar a mão não precisa disparar a voz Você não o suplício não tem que pagar o sacrifício nem por Deus nem por vício

Pra lá de Xerém

Passo o dia agitado num sufoco danado É ralação é só correria Meu corre às vezes não tem direção Faço o dá pra sobreviver  Dr cabeça erguida  Nessa vida que a gente tão desigual  Madrugada esperando o trem da Central atrasado Pego barca , ônibus quebrado, metrô abarrotado Vida de trabalhador na luta diária  Pra sobreviver nesse mundo de maldade Mas se ela chama vou correndo vou a pé, de carroça, bicicleta vou de carona em lombo de mula  descalço, sem grana,  debaixo de sol, por cima da lama não tem trânsito lento, pedágio nem arrastão É só ela chamar que eu vou Ela mora pra lá de Xerém mas não tem pra ninguém é só chamar que eu vou Lá eu esqueço até do compromisso cachaça na cana tira-gosto de chouriço 

Seja clara

Seja clara comigo você pode até mentir,  dissimular , tentar disfarçar,  mas não existe por quê  Amor não merece  castigo O castigo é não poder amar Se pintou romance  Um outro lance veio despertar O que já não há entre nós Por favor não vá mentir, não dá pra disfarçar Quando o amor ameaça explodir  é melhor se abrir pra não machucar mais do que já dói  Se pintou outro lance  Ou se já virou romance O amor é como o ar, entra pela fresta mas se a a gente se fecha ele vai sufocar